14 Maio, 2018
Carência de Enfermeiros mantém-se no ACES Dão Lafões
É de lamentar a gritante inércia e desprezo da tutela na resolução das dificuldades que atingem os profissionais e utentes Manifestamos enorme preocupação pela falta de enfermeiros no Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) de Dão Lafões.

 

A incapacidade em solucionar os problemas demonstra o falhanço dos responsáveis.

Não acautelam adequadamente as necessidades da região e não priorizam os cuidados de enfermagem.

O compromisso deste Governo pela defesa do Serviço Nacional de Saúde, redunda em demagogia, lenta degradação dos serviços e falta de recursos de enfermagem, constituindo uma ameaça aos direitos dos enfermeiros e à qualidade dos seus cuidados.

Expressamos a nossa contestação e reiteramos a urgência na resolução dos problemas que se arrastam sem que se adotem as medidas que se exigem.

Recordamos que já em dezembro de 2014 reunimos com o Diretor Executivo (DE) e com a Presidente da Direção de Enfermagem do ACES para discutir a falta de 88 Enfermeiros nesta instituição.

Consideramos intolerável o incumprimento das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Ordem dos Enfermeiros (OE) relativamente às dotações seguras determinando que mais de um milhar de famílias continuem sem enfermeiro ou sem acesso aos cuidados de prevenção e promoção, prestados pelas Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC).

 

Centro de Saúde Aguiar da Beira

Em novembro de 2017, decorrente das intervenções sindicais deparamo-nos com a grave e preocupante carência de enfermeiros.

Nessa altura, para além de prestarem cuidados a uma população de cerca de 5472 utentes e 2111 famílias, estando apenas três enfermeiros efetivamente (com uma enfermeira com ausência prolongada por maternidade), também eram obrigados a desenvolver atividades na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, no Núcleo Local de Inserção e na Intervenção Precoce, representando um acréscimo inaceitável de horas de trabalho.

Em janeiro de 2018 voltámos a denunciar a grave situação. A licença por doença de dois profissionais, somado à irrazoável impérvia dos responsáveis, redundou em apenas um enfermeiro na instituição.

Este facto suscitou um pedido de reunião imediato, com caráter urgente, ao Diretor Executivo do ACES Dão Lafões.

 

Unidade Cuidados na Comunidade (UCC) de Viseu

Também nesse mês, tomámos conhecimento que a UCC de Viseu teria, a partir dessa altura, a sua equipa de enfermagem reduzida a metade.

Cinco enfermeiros cedidos por interesse público pelo Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV), viram a sua mobilidade cessada, colocando em causa as quase duas dezenas de utentes dependentes, internados na Equipa de Cuidados Continuados Integrados (ECCI).

A nossa rápida e sólida intervenção junto de várias entidades, incluindo a administração do CHTV e do Ministro da Saúde, determinou a manutenção destes profissionais na unidade funcional e a continuidade dos cuidados de enfermagem.

Apesar do aberrante argumento jurídico que impede a consolidação dos colegas neste local de trabalho (onde se encontram há mais de 5 anos), continuaremos a pugnar pela sua defesa, independentemente da má vontade política em resolver definitivamente este problema.

 

Reunião com a Direção de Enfermagem

Face a este avolumar de problemas, reunimos com o Diretor Executivo (DE) do ACES Dão Lafões a 2 de fevereiro.

Ao arrepio das orientações da OMS e da OE, desconsiderando o número de famílias e as necessidades dos utentes do Concelho de Aguiar da Beira e desvalorizando as nossas preocupações e sugestões, o responsável assume que não existem enfermeiros em débito pois está cumprida a paridade médico/enfermeiro.

Cansados, os enfermeiros enviaram um abaixo-assinado ao Ministro da Saúde, a 23 de março, a exigir a rápida e definitiva resolução destes problemas.

Até hoje ainda nenhum obteve qualquer resposta.

Esta atitude, deste e dos Ministros anteriores, assume um padrão desconcertante impróprio da democracia Portuguesa.

Tendo em conta esta realidade, reforçados pelo abaixo-assinado agora recebido e assumido por cerca de 80% dos Enfermeiros, iremos desenvolver um conjunto de ações no sentido de reafirmar as suas legítimas exigências.

Destacamos:

  • Realização de notas à comunicação social e denúncias à população local, dando conta das legítimas pretensões dos Enfermeiros do ACES Dão Lafões e das repercussões destes problemas na saúde dos utentes;
  • Solicitação de uma reunião com o Presidente da Câmara de Viseu, de Tondela, de Nelas e de Aguiar da Beira (locais onde a falta de condições mais se faz sentir);
  • Pedido de Reunião com os representantes distritais de cada partido político com assento na Assembleia da República;
  • Requerer ainda o agendamento de uma reunião com a Comunidade Intermunicipal de Viseu Dão Lafões.

No entanto, independentemente da realização destas reuniões, não iremos parar de lutar enquanto os problemas identificados pelos colegas não estiverem satisfatoriamente solucionados e desenvolveremos todo o tipo de ações que considerarmos pertinentes nesse sentido.

Trata-se não só de melhorar as condições de trabalho dos enfermeiros do ACES Dão Lafões, mas também de defender o Serviço Nacional de Saúde, assim como a população que este Agrupamento serve.