29 Junho, 2018
Leonor Brazão é Enfermeira de Cuidados de Saúde Primários no Centro de Saúde de Castelo Branco e dirigente do SEP de Castelo Branco.


O percurso de Leonor, enquanto Enfermeira, inicia-se muitos anos antes de exercer a profissão.

Leonor Brazão (LB): Acho que começou por ser uma influência familiar. Sou filha de pais enfermeiros, de áreas diferentes, e creio que começou por aí a familiaridade com a profissão.

Depois, a ideia foi amadurecendo e já durante o curso, no contacto com a profissão, reforcei este gosto pela Enfermagem. Aprendi a gostar. Aprendemos a gostar da nossa profissão. Antes disso, e em qualquer área, a profissão é sempre uma desconhecida antes de a experimentarmos. Mas, realmente, a experiência veio ao encontro da imagem que eu tinha e gosto muito da profissão que exerço, em todas as suas vertentes.

 

Desde muito cedo lidou com a profissão e com o ambiente em que acontecia e já não lhe eram completamente estranhos os procedimentos, horários, turnos,…

LB: Sim, é verdade. Mas, essa noção de horários e turnos de trabalho acabou por ter uma grande influência na minha decisão: a minha mãe trabalhava por turnos e o meu pai não – e como sabia o impacto que os turnos tinham na nossa vida pessoal, o meu objetivo sempre foi trabalhar em cuidados de saúde primários, onde não acontecia trabalho por turnos. Não quis que a minha profissão fizesse a minha família passar aquilo que eu passei.

 

 

Qual foi a seu percurso formativo e profissional?

LB: A minha formação foi feita em Castelo Branco, naquela que se chamava, na altura, a Escola de Enfermagem Dr. Lopes Dias. Passou depois a Escola Superior de Enfermagem e, atualmente, é a Escola Superior de Saúde – que já conta com outras valências. A especialização fi-la na Escola Superior de Saúde em Portalegre e trabalho nos Cuidados de Saúde Primários no Centro de Saúde de Castelo Branco. Trabalhei sempre em cuidados de saúde primários, nunca quis outra área.

Ao longo do meu percurso profissional tenho desenvolvido diferentes atividades, dentro da comunidade,  junto de crianças e da população mais idosa como, por exemplo o projeto “Qualidade de vida no idoso nas freguesias de Cebolais de Cima e Lardosa”.

 

 

 

Não consigo isolar um momento ou uma figura que me tenham marcado ao longo do meu percurso – foram muitas e em muitos contextos diferentes. Aquilo que posso afirmar com segurança é que o que retiramos de todas as experiências são os bons exemplos e aqueles que podemos levar connosco e aplicar no nosso caminho.

 

Quando é que se cruzou com o SEP, já em contexto profissional?

LB: Por já ter pais enfermeiros já tinha conhecimento que existiam sindicatos associados à profissão. Recordo-me, inclusivamente, do aparecimento do SEP era eu adolescente.

Já na minha vida profissional, e assim que acabei a minha formação, fui contactada pelo SEP, no sentido de me tornar associada, e tornei-me sócia de imediato. Só mais tarde fui contactada para colaborar com o SEP enquanto delegada e, depois, como dirigente.

 

Consegue identificar as mais-valias de integrar uma estrutura como o SEP?

LB: Quando assistimos às negociações na primeira fila, enquanto associados, temos uma noção diferente da dificuldade que é atingir ou alcançar os ganhos para a profissão e, nesse aspeto, sinto que é uma mais-valia e que entendo melhor todos os cenários. Quando estamos do lado de lá, achamos sempre que o trabalho não é assim tanto e sinto que esta compreensão é a primeira mais-valia de pertencer à estrutura. Assim, deixei de ser espetadora e passei a ser interveniente.

Acumulo trabalho e funções, mas é sempre possível, se quisermos, fazer mais pela profissão e pelos profissionais.

Como conseguiria cativar alguém a trabalhar no SEP?

LB: Nos tempos que correm não seria fácil cativar pessoas para qualquer estrutura sindical…

Mas depende: temos colegas mais apáticos e outros mais interventivos mas, de um modo geral, as pessoas pensam que quem está no sindicato está ali para benefício próprio. Por outro lado, ainda existem muitos colegas dinâmicos e que gostam efetivamente da profissão, colegas que veem a Enfermagem como uma profissão e não como um emprego. Estes sim, pela sua atitude, seriam mais permeáveis a essa ideia.

 

 

Cada nova rubrica de 1 Enfermeiro, 1 Delegado é publicada no primeiro domingo de cada mês.