13 Janeiro, 2015
O caos que se vive nos Serviços de Urgência (SU) dos hospitais do Grande Porto é inaceitável e da inteira responsabilidade do Ministério da Saúde/Governo. 

 

A Direção Regional do Porto do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou por diversas vezes, nomeadamente a ARS Norte, para a esta possibilidade. Estando perante uma situação de carácter sazonal não se percebe porque o Ministério da Saúde e a ARS Norte não actuaram de forma preventiva, pelo contrário, potenciaram com o encerramento de camas, serviços e unidades de saúde. Perante um quadro social de agravamento das condições de vida da população em geral e do seu envelhecimento com consequentemente aumento das doenças crónicas, verificamos um desinvestimento na Prevenção e Vigilância nos Centros de Saúde, devido à acentuada falta de enfermeiros e consequente encerramento de Extensões, o encerramento do número de camas das unidades hospitalares (diminuindo desta forma a capacidade de resposta do SNS). Ainda, a diminuição do número de profissionais em todas as instituições de saúde, diminuição do horário de atendimento nas unidades dos Cuidados de Saúde Primários e encerramento dos Serviços de Atendimento em Situações de Urgência (SASU) e Atendimento Complementar, obrigando desta forma os utentes a procurar os SU dos hospitais. Outra constatação é que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados insuficiente para responder às necessidades da população, com falta de recursos nas equipas e, naturalmente, a criação e aumento das taxas moderadoras que afastam os utentes do SNS e que a ele recorrem só em situações de maior gravidade.

Ausência de estratégia local, regional e nacional em saúde para dar a totalidade das respostas em cuidados de saúde que as populações precisam, tem estas consequências.  O SEP propõe que para além da contratação de profissionais e da disponibilização de mais camas para estes períodos de maior necessidade, se actue de forma sistémica na rede de Cuidados Continuados, aumentando o número de camas e de profissionais, nos Cuidados de Saúde Primários aumentando o número de enfermeiros, implementando o “enfermeiro de família” e abolindo as taxas moderadoras, instituindo um modelo de equipas de gestão de altas e admitindo mais profissionais de saúde.

O SEP responsabiliza os decisores políticos pela situação caótica que se tem assistido nas últimas semanas nos SU dos hospitais, com graves consequências para os utentes, nomeadamente a ARS Norte, o Ministério da Saúde e o Governo.