4 Abril, 2014
A falta de profissionais nas várias áreas, em articular de enfermeiros, aliado à diminuição das condições de trabalho, às incoerências, ao tratamento desigual e arrogante, está a provocar uma onda de descontentamento e desmotivação nos profissionais.

 

A não substituição ou o reforço de enfermeiros nos vários serviços obriga os profissionais a trabalhar muitos dias sem descansar e a terem muitos mais doentes à sua responsabilidade.

As consequências já se fazem sentir, designadamente, a exaustão física e psíquica.

Diminuição de enfermeiros por serviço e turno

A saída de enfermeiros (licença de maternidade, baixa por doença ou acidente de trabalho, aposentação e rescisão) e a não contratação de novos leva à diminuição do numero de elementos por turno em alguns serviços e, consequentemente ao aumento do volume e ritmo de trabalho, como são os casos das medicinas de lagos e Faro, a Urgência de Portimão e a pediatria.

Aumento do número de doentes internados sem reforço de enfermeiros

Houve um aumento do numero de doentes internados por serviço, nomeadamente nos serviços do terceiro, quarto e quinto pisos de Portimão, em que os antigos refeitórios foram transformados em “enfermarias” com doentes internados em maca sem que tenha havido o reforço de enfermeiros em todos os turnos, como são exemplo, a ortopedia e cirurgia 3A de Portimão e a Medicina 3 e Oncologia de Faro.

Horas e dias de trabalho em dívida aos enfermeiros

A administração tem “vendido” a ideia que há enfermeiros a mais no hospital de Faro e de Portimão. No entanto, segundo o SEP, constata-se a existência de horas em divida aos enfermeiros e trabalho extraordinário programado.

  • Ortopedia nascente de faro – deve 570 horas e 150 feriados por gozar;
  • Medicina 2 de faro – prevê mais de 500 horas extraordinárias no próximo mês;
  • Medicina de Lagos – 40 turnos extraordinários em Março e prevê 30 em Abril
  • Medicina 3 de faro – 650 horas em divida aos enfermeiros e desde há 1 ano que têm vindo a realizar horas extraordinárias.

Carência de enfermeiros

O relatório do “sistema de classificação de doentes baseados em níveis de dependência em cuidados de enfermagem” (2011) revela a existência, no total das 3 unidades hospitalares do Algarve, de 424.171 mil horas de cuidados de enfermagem que não foram prestadas. Estas horas correspondem a 238 enfermeiros. De acordo com o programa informático da ACSS diariamente faltam mais de 100 horas de cuidados de enfermagem em alguns internamentos.

SEP | Falta de recursos no Centro Hospitalar do Algarve

A falta frequente de medicação, de material e equipamentos é também denunciado pelo SEP e afirmam, tudo concorre para a desmotivação dos profissionais. “São mais horas, mais trabalho, em piores condições e com menos salário. Os enfermeiros trabalham por turnos, feriados e fins-de-semana e mesmo com turnos extra, abdicando das suas folgas não chegam a ganhar 900€ enquanto outros profissionais auferem no mesmo período mais do que um enfermeiro ganha num ano de trabalho” denunciam.