9 Julho, 2021
Setúbal: vacinação em risco devido à exaustão dos enfermeiros
Muito tem sido exigido e imposto aos trabalhadores essenciais, em particular aos enfermeiros. O impedimento do gozo de férias e trabalho extraordinário sem limites são exemplos.

 

A vacinação veio exigir ainda mais dos enfermeiros, sem que houvesse a necessária e urgente contratação. A atividade assistencial dos Cuidados de Saúde Primários está, há vários meses, comprometida e a situação agravou-se com o aumento do ritmo de vacinação.

Enfermeiros exaustos cumprem 12 e 14 horas de trabalho diário, muitas vezes sem pausas para almoçar e até para ir à casa de banho. Não obstante, esta semana foram informados, com antecedência de um dia, que o horário iria ser alargado, obrigando-os a trabalhar das 8 às 22 horas, incluindo ao domingo.

Os enfermeiros consideram este acréscimo de trabalho, sem reforço das equipas, um desrespeito por si próprios e pelo seu trabalho alertando para o facto de estarem à beira da exaustão.

Os recentes relatos nos centros de vacinação tornam clara a desorganização no agendamento da vacinação, há muito denunciada por estes profissionais às entidades competentes.

Esta metodologia está a provocar sobrelotação, filas de espera, impaciência e atritos entre os utentes, tendo sido necessário solicitar a intervenção das forças de segurança para proteger os profissionais como já foi noticiado.

Consideramos inadmissível e desumano trabalhar nestas condições! 

Apesar do discurso de valorização o Governo mantém as palavras ocas e ausência de resolução dos problemas dos enfermeiros.

Impõe trabalho extraordinário que não paga ou tarda em pagar, incumpre na aplicação dos acréscimos devidos no período do estado de emergência e intoleravelmente, mantém milhares de enfermeiros, com mais de 20 anos de trabalho, sem progressão e a ganhar o mesmo que um recém-licenciado.

É urgente implementar medidas que melhorem as condições de vacinação, que mantenham os resultados positivos obtidos até agora desde que sejam admitidos mais enfermeiros.

Caso esta situação se mantenha, os enfermeiros não poderão manter o nível de vacinação até aqui conseguido e responsabilizam o Governo por isso.

Nota enviada aos media a 9 de julho de 2021