1.º SEMESTRE 2021
Este número da Enfermagem em foco foi pensado e desenvolvido durante o período de emergência do primeiro semestre de 2021. Todos os dias, subiam os números de casos de doentes com covid-19, os números de internados, os números dos pacientes em cuidados intensivos. Ao embate da pandemia juntou-se o resultado de decisões de anos, que viram diminuir o investimento no SNS. A pressão sentida sobre os serviços e os seus profissionais tem sido uma tarefa hercúlea, que obrigou a repensar procedimentos e prioridades e promover soluções inovadoras.
Nas palavras do nosso entrevistado na rubrica Perfil, Francisco Ramos, economista e cinco vezes Secretário de Estado do Ministério da Saúde: “O Serviço Nacional de Saúde, em situações de emergência, é de facto muito bom. Esta pandemia o que nos mostrou? O nosso melhor e o nosso pior também.” Fomos, então, falar com profissionais, investigadores e especialistas para descobrir o melhor e o pior, as inovações e as fragilidades, na acessibilidade ao SNS e perceber o que está a mudar no paradigma da saúde, em Portugal.
Falámos na grande expansão da hospitalização domiciliária (de 75 utentes, em janeiro de 2020, para 5.000 utentes, em dezembro de 2020) e de como tem sido feita essa adaptação, em tão curto espaço. Falámos sobre como colocar a tecnologia ao serviço dos utentes, das potencialidades dos telecuidados. Da importância da literacia e da participação e envolvimento de todos os cidadãos, todos, para garantir melhor saúde. Do desenvolvimento de Planos Individuais de Cuidados. Da relevância de regulamentar o Estatuto do Serviço Nacional de Saúde. Da alteração do modelo hospitalocêntrico de acessibilidade para o modelo de proximidade, para o SNS em nossa casa.
No fim, dos passos dados e dos que faltam dar para colocar efetivamente a pessoa no centro dos cuidados e no centro de decisão. Como diz Delfim Rodrigues, um dos nossos entrevistados: “A saúde é um serviço e os serviços não têm futuro sem personalizar. Isto tem de ser entrosado com os profissionais.”
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