A 16ª Conferência Internacional de Investigação em Enfermagem, está agendada para os dias 21, 22 e 23 de Setembro de 2022, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

“A (Im)Previsibilidade de uma pandemia – da formação às competências da profissão de enfermagem!”, será o tema desta conferência.

Mensagem do Presidente da Comissão Científica da 16a. CIIE

No início era só mais um vírus com um nome estranho. Mas os dias, as semanas e os meses seguintes trouxeram ansiedade e muita incerteza, colocando o mundo inteiro numa espécie de vida suspensa. O mundo inteiro, não. Os profissionais de saúde, com destaque para os enfermeiros, não tiveram mãos a medir com a necessidade de responder às consequências de um vírus que a ciência ainda mal conhecia. A pressão nos hospitais, a impaciência (e às vezes a agressividade) das populações com as equipas de saúde pública, não foram, de forma alguma diminuídas por agradecimentos públicos (as palmas à janela) nem encontraram, em muitos governos por esse mundo fora, o reconhecimento da eficácia da formação e das competências dos enfermeiros, colocadas mais uma vez, e como sempre, ao serviço da comunidade.

De facto, a pandemia por SARS-CoV-2 sublinhou a necessidade de um planeamento dos recursos de enfermagem, pelo seu inegável valor na resposta às necessidades de saúde das populações. E sublinhou ainda a necessidade desse reconhecimento também numa perspetiva política e financeira.

A pandemia por SARS-CoV-2 demonstrou (novamente) a necessidade de um planeamento da formação e dos recursos humanos em enfermagem a médio e longo prazo, baseado nos novos desafios em saúde, em projeções demográficas, respeitando a realidade sociocultural, adaptando o skill-mix às necessidades de cada território, alimentando a reorganização e sustentabilidade dos serviços de saúde, evidenciando os ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem.

Para que a investigação em enfermagem seja capaz de encontrar respostas a estes desafios, interessa refletir sobre:

  1. Como enfrentar as (im)presivibilidades em saúde? Estamos devidamente preparados e organizados para a necessária adequação dos cuidados de saúde num mundo em constante (e galopante) mudança?
  2. Como formar enfermeiros para as (im)presivibilidades em saúde? Existe a capacidade de reorientar a formação e a construção de conhecimento científico? O enquadramento e os modelos utilizados no ensino de enfermagem permitem tal desiderato?
  3. Que (novas) competências necessitamos enquanto enfermeiros para as (im)presivibilidades em saúde? Os modelos de desenvolvimento profissional adotados permitem responder a este desafio? Somos capazes de repensar e de reorientar as competências em enfermagem? Estamos disponíveis para a mudança? É com este espírito que a Associação Portuguesa de Enfermeiros (APE) organiza a 16a Conferência
    Internacional de Investigação em Enfermagem (CIIE), sob o lema “A (Im)previsibilidade de uma pandemia – da formação às competências da profissão de enfermagem!”. Entre 21 e 23 de setembro de 2022, usando a sabedoria de peritos de nível internacional, pretende-se um espaço de análise e construção sobre as (im)presivibilidades em saúde e da enfermagem neste processo. Numa visão que
    funde a prática clínica, o ensino, a investigação e a gestão e assessoria, propõe-se refletir de onde vimos, onde estamos, para onde queremos ir… e como podemos utilizar a investigação como guia neste processo de construção.

Que esta conferência seja mais um elemento de construção para que o reconhecimento da enfermagem durante a pandemia ultrapasse o contexto conjuntural e se torne um sentimento estrutural que promova a utilização dessa imensa massa de arte e saberes que os enfermeiros semeiam todos os dias, dos mais pequenos gestos, à execução da mais complexa técnica…

José Carlos Rodrigues Gomes, RN, MHN, MPH, PhD
Presidente da Comissão Científica