25 Outubro, 2019
Crónica de José Carlos Martins: Urgências
Não haverá serviço de urgência e camas que aguentem a procura.

 

O problema da Urgência do Hospital Garcia da Orta reavivou elementos que evidenciam a clara impreparação das nossas urgências para a curto, médio e longo prazos responder às necessidades dos doentes.

Como referem atuais estudos, as alterações climáticas, as questões agro-alimentares e sócio-económicas, os estilos de vida e, entre outros fatores, o “envelhecimento da população”, determinarão, designadamente: mais e novas doenças raras; novas e mais doenças crónicas e de maior cronicidade; aumento exponencial de pessoas idosas a viver mais anos em situação de dependência total ou parcial e com multimorbilidades.

Isto coloca inúmeros desafios muito impactantes, nomeadamente na reorientação de várias políticas públicas (desde logo a da Saúde) e no redesenho de dispositivos públicos de resposta. Não haverá serviços de urgência, de medicina, camas hospitalares e centros de saúde que aguentem a procura.

Sem prejuízo das necessárias medidas que melhorem as respostas no curto prazo, importa discutir e desenhar as medidas de médio e longo prazos.

Entre muitos outros aspetos, o redirecionar das políticas públicas, de saúde e de todas as áreas da governação para os domínios da promoção e prevenção e a implementação de Sistemas Locais de Saúde no SNS são elementos vitais.

 

CORREIO DA SAÚDE
Artigo de José Carlos Martins, Presidente do SEP
Publicado no Correio da Manhã 12-09-2019